O desmame do cachecol

Eu adoro cachecóis! Posso ter poucas carteiras e poucos pares de sapatos ao contrário do que é tradição no meu género, mas compenso em cachecóis. Tenho imensos. De várias cores e feitios e outro nunca será de mais. Mal começa a fazer frio (pronto, chamemos-lhe mais fresco) começo imediatamente a andar de cachecol. E depois, por esta altura, em que o tempo começa a ficar mais quente, custa-me imenso larga-los. Precisamente há um ano atrás, já andava O Filósofo de calções (ele também não é muito normal neste capítulo) e eu ainda andava de cachecol. Mudo primeiro para casacos mais leves do que abandono a protecção quentinha do pescoço que o cachecol me proporciona. Mas hoje larguei. Acordei com os senhores da rádio a dizer que o Porto ia chegar aos 21º. Ora 21º já é uma senhora temperatura, pensei eu, já não é adequado levar cachecol, vou parecer uma maluquinha. Pois bem, ficaram em casa. Mas ainda custou. Ao vir do carro para o escritório faço um troço da Rua de Guerra Junqueiro que às 9 da manhã (pronto, 9:20…) ainda não tem sol e onde há algum vento e senti um friozinho no pescoço, tolerável mas perfeitamente desnecessário. Ou seja, acho que o desmame ainda não é desta. À hora de almoço, ok, quando estiverem os tais 21º mas de manhã cheira-me que ainda vou ter a companhia dos meus cachecóis durante uns dias… isto é pior que deixar de fumar.